Que fica meu bem querer, meu estado de viver, meu remanejamento de sensações intáctas até então.
Meu guarda-volumes cheios de coisas boas, minha vida cheia de flores, minhas calçadas mal-pisadas feitas até então de papelão.
Minha vida que pré-acontece n'outro lugar, nos meus apontamentos mais audáciosos, nos meus desejos mais intensos.
Viver de ações, recebidas e doadas, viver de situações. Crer que há, vida após a vida, e que há morte em cada instante. Meu viver, meu querer, meu servo da vida, eu que piso nas minhas novas calçadas, calçadas de pedras, pretas e brancas, que me levaram ao caminho mais impiedoso, a curva mais imaculada. Irei de frente, marejando a vós pra que não me venha o medo, e para me fortalecer diante das armadilhas."
Santiago Ribeiro