quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Oculto

                              

O poeta, com seu olhar,

capta instantes fotográficos.


Paralisação do tempo.


Momento presente.


Encontro marcado.


Homem e vida.


Saber oculto.


Seu olhar transforma


a ameaça do futuro.


No instante preenchido.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nascimentos


Quando tua boca vadia me percorre
Macia, molhada, sedutora.
Um deus nasce em volta
Sem saber se explicar
Tão sem rumo o coitado
Nem sabe pra onde olhar
Se as mãos, se permitindo.
Se os olhos, vazios de medo e dor.
Ou se o arrebatamento
De dois corpos em um só
Implora, quer a beleza.
E a liturgia da intensidade
Que seu credo quer negar
Prepara tanta razão
Para o silêncio desmanchar
Que finge até segredos
Mentindo para vendar
Quando teu desejo sem pudor me envolve
Lânguido, libertário, sedutor.
Nasce dentro da minha carne
O ser sem deus que é o deus da tua carne
Marcos Quinan

Poema postado por Marcos Quinan, como comentário, no oficiodeescrever
Imagem- sueliaduan

sábado, 25 de setembro de 2010

O PEIXE

No prato o peixe,
o menino viu.
E, seu coração partiu.


Com ele  embora
Areia, sol, mar,
barquinho, castelo e luar.

No prato, os olhos do peixe
Brilham, brilham.
O menino sorri

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sentido(s)


Qual será para mim


O espetáculo do mundo?

Passeio com cinzas na boca.

Vejo uma infelicidade de sentido.

Tudo cai como uma
                             folha.                             
              Sinceridade absoluta.





segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Observância

Observo a xícara.
Que sinto ao observá-la?
Uma xícara.
Apenas uma xícara.
Apenas um quadro.
Apenas uma fresta.
Apenas esse som melancólico.
Apenas o existir.
O tempo parado nesse quarto.
A solidão do ser.
A certeza de ser só, só.
Com o sentido das palavras.
Explicação do mundo.
E a xícara?
Branca, porcelana.
O bem - estar do chá.
A dor do pensamento.
Não cabe na xícara.
Não sai pela fresta.





sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sueli cria quase medos que são quase

Sueli cria quase medos que são quase anseios que
São quase destemperos que são quase pesadelos
Num jogo de nervos

Que são quase medos
Quase anseios
Quase destemperos

Quase pesadelos
Que são esse jogo de nervos
Dos quadros da Sueli

Suuuelliiii criaaaa quase tremoresss queee sãoooo
(ecos libertadores)


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Devoragem

Assim vejo a mim:
perdida dentro de um homem.
Sedenta de paixão e desejo.

Uma mulher.
Com a boca molhada,
entreaberta para o beijo.

Corpo e movimento.
Pernas e pêlos.
Silêncio e sussurro.

Assim vejo a mim:
perdida dentro de um homem,
mãos e seios.

Querências.
Pulsação e orgasmo.
Na voragem o amanhecer



sábado, 11 de setembro de 2010

Em mim


Aquietaram-se em mim
todos os sons.
O silêncio se fez presente.
Em que momento ocorreu?
Não posso precisá-lo,
Não saberia dizê-lo.

A calma o silenciar-se.
Nada a dizer.
Apenas o silêncio em meio ao caos
do dia,
  da noite,
da vida.

Da efervescência ao meu lado.
Ao silêncio infinito.
Eu, em silêncio, silencio.
E a cidade agita-se
Em que momento ocorreu?
Esse retorno cósmico.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cumplicidade

Praças do mundo:
de Roterdã,
 de Honolulu,
 de Sorocaba.


Difere
o homem
difere
a vida.

cumpli-cidade

Vela no barco,
inconstante ao vento
quer o porto seguro.
Busco voltar.


É possível?
na intersecção dos planos,
a bombordo de uma nau perdida,
no lusco-fusco das indecisões.

É preciso
lavar o olhar
fotografar ideias, imagens repetidas
minha cidade.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

MELANCOLIA


Por que a geometria não exclui a melancolia.
Quero o triunfo da linha reta,
garantia de um ponto fixo.
Continuarei meu caminho como?
Como um Édipo errante.
Quero algo certo.
ou a certeza de que no mundo,
nada é certo.
Paralizo-me.
E não é sono, preguiça,
É pensamento, perplexidade.
Incoerência da vida.
Tudo: quantidade e volume.
A esfera me faz sofrer

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

REPONDO

Compor, repor, depor.
Compor a vida
Repor as perdas
Depor a favor, sempre,
da alegria,
da festa,
da amizade.
É preciso reinventar:
figuras amadas, cidades verdes.
Calar a noite.
Trégua.
Ouvir o silêncio, a chuva.
Ter(ser) paz