segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nascimentos


Quando tua boca vadia me percorre
Macia, molhada, sedutora.
Um deus nasce em volta
Sem saber se explicar
Tão sem rumo o coitado
Nem sabe pra onde olhar
Se as mãos, se permitindo.
Se os olhos, vazios de medo e dor.
Ou se o arrebatamento
De dois corpos em um só
Implora, quer a beleza.
E a liturgia da intensidade
Que seu credo quer negar
Prepara tanta razão
Para o silêncio desmanchar
Que finge até segredos
Mentindo para vendar
Quando teu desejo sem pudor me envolve
Lânguido, libertário, sedutor.
Nasce dentro da minha carne
O ser sem deus que é o deus da tua carne
Marcos Quinan

Poema postado por Marcos Quinan, como comentário, no oficiodeescrever
Imagem- sueliaduan

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