segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Só isso?

Era isso, então?
Era só isso?
Só isso?
Era sim.Só isso:
Chegadas e partidas

Noites sem fim
Olhos e bocas
Pernas e seios
Mãos e pelos
Desejos.

Era isso então?
Só isso?
Nada mais? Nada?
So só só isso isso.
Desejos

Na gaveta da memória
teu corpo e minha paixão
Era tudo isso
Era isso
Muito isso.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma folha, pássaro branco


Da janela do quarto
Um pássaro, uma árvore.
Borboletas azuis.
Olho o tempo passar.

Da janela do meu sonho
Uma folha, um poema escrito.
Pássaro branco.
Sinto a vida pulsar

Janela Poema
Pássaro Borboleta
Tempo Vida
Sonho Realidade

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"E tempo de Viver”

Que fica meu bem querer, meu estado de viver, meu remanejamento de sensações intáctas até então.
Meu guarda-volumes cheios de coisas boas, minha vida cheia de flores, minhas calçadas mal-pisadas feitas até então de papelão.
Minha vida que pré-acontece n'outro lugar, nos meus apontamentos mais audáciosos, nos meus desejos mais intensos.
Viver de ações, recebidas e doadas, viver de situações. Crer que há, vida após a vida, e que há morte em cada instante. Meu viver, meu querer, meu servo da vida, eu que piso nas minhas novas calçadas, calçadas de pedras, pretas e brancas, que me levaram ao caminho mais impiedoso, a curva mais imaculada. Irei de frente, marejando a vós pra que não me venha o medo, e para me fortalecer diante das armadilhas."
Santiago Ribeiro

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Histórias a contar


Passos curtos
Cabeça baixa
Dão Dão
Adentrou a sala
Campânulas, dona Dulce,
os outros.
O medo
A angustia
Tudo conspirava, mas o
olhar da mestra, e na memória,
 as sábias palavras do avô.
Apaziguaram seu coração:
- Dão, não tenha medo
É só começar que
elas irão surgindo devargazinho,
feito um peão a rodar,
nas tardes ensolaradas
As palavras são vida e doçura
Determinam nosso caminhar
Caminhe, meu menino,
Sem medo do falar,
Tuas histórias outros
poderão contar.

domingo, 14 de novembro de 2010

Noites sem fim

Era isso, então?
Chegadas e partidas
Sol de outras paragens
E a palavra presa na garganta
Pátria, pátria minha
Saudades

Era isso, então?
Noites sem fim
E a vontade de beijar
Os olhos da minha pátria
Pátria,pátria minha
Saudades

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Em inglês, by heart; em francês...

Inesquecível é o que amamos
Carlos Roberto Mantovani
(Hoje faria 60 anos)
Em diversas línguas, o lembrar, o memorizar está associado não já (ou não só...) a um processo intelectual, mas ao coração: saber de memória é, em inglês, by heart; em francês, par coeur; e esquecer-se de alguém, em italiano, é scordarsi, sair do coração...
Lembramos - sabemos de cor - o que está em nosso coração. Tomás de Aquino, o grande pensador do Ocidente, explica, agudamente, a razão profunda do lembrar e do esquecer: ele faz a ligação entre amar e lembrar: inesquecível é o que amamos.



 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Ai se sesse"

Se um dia nós se gostasse

Se um dia nós se queresse
Se juntim nós dois se empareasse
Se juntim nós dois vivesse
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse
Se juntim nós dois morresse
Se pro céu nós assubisse
Mas porém se acontecesse que São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E se tu com eu insistisse
Prá que eu me arresouvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tárvez que nós dois ficasse
Tárvez que nós dois caisse
E o céu furado arriasse
E as virgem todas frugirsse
Zé da luz