segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Devoragem

"Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas Quando amadas se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas
Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem imploram Mais duras penas, cadenas"
Mulheres de Atenas
Chico Buarque

Assim vejo a mim:
perdida dentro de um homem,
sedenta de paixão e desejo.
Uma mulher.

Nua e quente.
Com a boca molhada,
entreaberta para o beijo.
Corpo e movimento.

Pernas e pêlos

Assim vejo a mim:
perdida dentro de um homem,
mãos e seios,
pulsação e orgasmo.

Na voragem o amanhecer

domingo, 4 de dezembro de 2011

Um poema,embriagador.

Só um poema.
Sem dor.
 Versos.
Água cristalina.
Rio para  pés cansados.

Um poema.
sem saudade,
sem morte,
sem dor.
Do corpo.
Da pélvis.
Do sexo.
Do vinho.

Torpor.
Um poema embriagador
É só o que eu preciso.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Eco

Círculo claro
Luz branca.
Palco e palavra

Poema  e  sentido
Eu  em voz
Eco do mundo

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Prosa-poética: "Um mundo pequeno"

 
Richard Emil Miller

Apanhar ela não apanhava não. Mas era como se todos os dias tivesse levado uma surra. Chicote mesmo. Não que conhecesse no próprio corpo tamanha crueldade dos homens. É que aprendera a ler. Sabia dessas e outras malvadezas na história do mundo, na vida dos povos.


Um mundo pequeno esse — pensava. Não muito diferente do seu. Porque se a violência não vinha mediante a força bruta à dor era infinita. A dor de cada palavra dita.  O estalido que provocava no fundo de seu ouvido, feito o som do vento nas noites frias do sertão, além de deixá-la sem ação, era como um acoite em seu coração.  


Ele, o falador, nem percebia sua boca trêmula, às vezes uma lágrima furtiva, pois ela calada sofria. Dia após dia. Noite após noite. E na sua infinita tristeza — escrevia. Escrevia... Escrevia... Escrevia...   No começo, algumas poucas palavras um quase desabafo e depois uns versinhos, por fim estórias inteiras.
E de estórias ela vivia.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ruminando Vagarezas


Olho a distância
Não a paisagem
Com suas árvores
Planaltos e planícies
Não o boi no pasto
Ruminando vagarezas.
Não a água, o sal ,o mar

Mas a distância encantatória
Entre o sentir e o dizer
Como a faca no peito
Falta-me o ar
Mas não há faca
Não há peito
Somente distâncias

sábado, 15 de outubro de 2011

Em profusão


Não há desencanto
Não há resignação
Apenas um balanço
Um olhar para trás
Um olhar para frente
Ir e vir
Dias de arar a terra
Comer o fruto
Dividir o pão.
Noites de acalantos
De sonhos e ilusão
Um ano qualquer
Uma luta qualquer
A vida em profusão.

domingo, 2 de outubro de 2011

"Encontros do eu"

Sou feita de espaços afetivos,
preenchem-me.
de espaçoas físicos,
tranco-me.
renovo-me.
Pássaro azul, vôo largo
Infinito.


Sou feita de palavras alheias
versos antigos, novos.
prosa-poética.
leio-me.
sou outra
sou única, múltipla.
espaço afetuoso
encontros do eu.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Um pouco de Teoria - Palavra Poética

A poesia está nas ruas, assim como nas coisas. A poesia está em gestos involuntários. Entre frases obscuras. Na parede das cozinhas. Nos anéis da seiva, no tenteio dos filhotes, nas asas que latejam. Nos resíduos dos amantes, misturados com estrelas. A poesia está nos restos dos dias. Nos silêncios. Pouco percebida, a poesia verte sua secreta alquimia: transfigurar os sinais de menos, as marcas da miséria, o rumor do que poderia ter sido. Resgatar a dança de esperanças perdidas, o frescor das bocas, as mãos em luta amante com a matéria do mundo. Água vital das origens e das utopias, e sede infinita, a poesia está em tudo. No entanto, em paradoxo: a poesia é raríssima. Dificílima. Poucas, raras vezes a poesia emerge da natureza das palavras e transforma-se em poemas. Poucas, raras vezes os verbos e os nomes se fazem a carne absoluta da poesia, som e sentido em unidade mágica que recria o real, inventando-o. Milhares e milhares de versos, para algumas palavras de poesia. Muitas toneladas de matéria-prima-para alguns gramas de poema (Maiakovski).


Necessidade vital: por que tão escassa?


Por um lado, o mistério da emergência do poema, seu nascimento não redutível à consciência lógica nem à intencionalidade do sujeito que poeta. Por outro lado, há poucos instantes possíveis para o florescimento da poesia na história cotidiana.É preciso conviver com os poemas. Andar com eles. Sonhar com seus signos. Ler, reler, não sei quantas vezes. Renascer com suas palavras vivas. Expor-se à sua permanente revolução da linguagem. Deixar-se seduzir por seus cantos.



HÖLDERLIN- foi ignorado por Goethe e exaltado por Nietzsche. Segundo Heidegger, foi um "poeta da poesia", pois acreditava que "o que permanece, fundam-no os poetas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Do corpo da poesia a poesia do corpo


ou
(a dança do homem primeiro)


dança pássaro guerreiro,
dança que sua pena, pele, é poesia
palavra texto
corpo
símbolo do sagrado
corpo
nu
linha a linha
registro do verso
marcas do tempo
tempo do homem
do corpo
da poesia
deuses
demônios
sons
silêncios

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sonho

Desperto em outra existência
Sonho
Crio estórias que nunca aconteceram
Vejo as mais belas cenas
E me sinto feliz
Desloco-me para longe
Estou em dois lugares ao mesmo tempo
Reuno duas pessoas em uma

Ou a faço transformar-se em outra
Sou a autora
O sonho é meu invento o enredo
Onde o tempo o espaço
E as atividades do meu corpo
Não tem poder algum
(Márcia Lailin)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cadência ,Noite

Eu quero não querer
quero querer.
Eu quero não poder
quero poder.
Quero quero
Bolero, Rumba, Rock
Drumond, Pessoa,Arnaldo.
Asfalto, terra e gente.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Contar estrelas"

Eu quero uma licença de brincar.
Bordar caminhos e subir ao céu.
Mastigar a lua,
Beijar estrelas,
Pular nas nuvens,
Sorrir lá do alto.
E até gargalhar.
Ver teus olhos brilharem
Espantando de enxergar no céu uma
mulher, menina, que ama
Imaginar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A capacidade de contemplar




Nenhuma pessoa sensível é capaz de olhar para cima
numa noite de céu limpo sem indagar-se de onde vieram as estrelas,
para aonde vão, e o que sustenta o universo em ordem.
As mesmas indagações surgem quando nos voltamos para o universo interior, dentro do corpo humano.”
Refletir sobre as maravilhas do corpo humano
Olhar pensativamente as estrelas...
A capacidade de contemplar . .
A graciosa elegância nas manifestações da natureza,
É uma das mais satisfatórias experiências das quais o homem é capaz. . . . Contemplar algo infinitamente maior do que nosso próprio eu consciente
Faz com que todos os nossos problemas diários se encolham
Quando comparados.
Experimenta-se uma serenidade e paz mental que pode ser alcançada exclusivamente através do contato com o sublime.”

Márcia Lailin

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ASAS QUEBRADAS




Sinto-me como se tivessem quebrado as minhas asas
Encolho-me numa concha de auto piedade
Reconheço que mesmo que prefira uma família
È inacessível
Estas incluem a procura
O tempo para cultivar amigos e campos de interesses
Tenho a liberdade de fazer minhas próprias decisões
E as oportunidades de ampliar os limites de minhas amizades e de fazer o bem a outros
Sei disso
Todavia
Posso enfrentar o desafio por meio de esforço positivo
E assim viver uma vida produtiva
Mas, todo dia esse desafio!
Isso me cansa

Márcia lailin




domingo, 3 de julho de 2011

Grávida do Real

A noite estrelada
Vincent Van Gogh1889


Contemplo à tarde que cai
E me espanto.
Nasço a cada momento.
De olhares e devaneios.
O vento,
O pássaro,
A flor,
O amor.

Contemplo a noite que chega
E me espanto
Grávida do real
Olho o mundo.
O homem,
A mulher,
O corpo,
O sexo.

Os filósofos começaram a filosofar devido a uma atitude de espanto, estranhamento e encantamento, nos diz o filósofo Aristóteles. Estas palavras são possíveis variações obtidas pela tradução do verbo grego "thaumatzein".
Em outras palavras, podemos dizer que o que move o filósofo é esta atitude de espanto diante do mundo e das coisas.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Por isso... caminho


É outro o tempo
Por isso não digo
Canto

É o outro o quintal
Por isso não compro
Planto

É outra a vida
Por isso não sofro
Caminho

Espantoso pensar nas coisas diluídas
E no modo como outras surgem
E nos diversos movimentos.

do tempo
da música
da vida

 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"O GRITO" -

   -  Márcia Lailin-
       se ao menos esta dor servisse
se ela batesse nas parede abrisse portas
falasse
se ela cantasse e despenteasse os cabelos
se ao menos esta dor se visse
se ela saltasse fora da garganta como um grito
caísse da janela fizesse barulho
morresse
se a dor fosse um pedaço de pão duro
que a gente pudesse engolir com força
depois cuspir a saliva fora
sujar a rua os carros o espaço o outro
esse outro escuro que passa indiferente
e que não sofre tem o direito de não sofrer
se a dor fosse só a carne do dedo
que se esfrega na parede de pedra
...para doer doer doer visível
doer penalizante
doer com lágrimas
se ao menos esta dor sangrasse
Renata Pallottini






sexta-feira, 3 de junho de 2011

(pós) Modernidade ou...


[...] para não dizer do (des)caminho.

Abro o guarda-roupa
E lá está ela
A velha calça jeans
Uma mistura de tédio e nostalgia
Apodera-se de meu corpo
Puxo-a com violência
Nesse exato momento rasgo-a
Alegria. Êxtase.
jeans novo

 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eros e Thanatos


Única via?
Talvez
Porto seguro?
Nunca.
Ah! O amor:
Silêncio.
Pisar leve.
Falar manso.
Encontro
Desencontro.
Vida.
morte.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Casa

O vaso e as tulipas.
A cerca e o boi.
Voz forte de pai.
Mãe na varanda.


Tudo relevo.
Tudo espaço.
Tudo caminho.
Tudo vida .

Flores murchas.
Gado morto.
 Lágrima de pai.
Lágrima de mãe.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Apenas Paisagens

Confesso
São minhas as pedras e o rio.
As flores, as folhagens, as mudas.
Crisântemos, ipês, dálias,
Samambaias, avencas, antúrios.

Paisagem da minha rua.
Rua já esquecida.

Confesso
São meus os móveis e a casa.
Gatos, livros, enfeites.
Filhos, falhas, fendas.
Riso, choro, alegria.

Paisagem da minha vida
Vida hoje vivida.

sábado, 7 de maio de 2011

Tributo a Mantovani - “Em toda nossa volta”

     Era governado pela física como todas as coisas vivas.
     É fato científico que
corações e relógios param
     à velocidade da luz
       quando a matéria
           vira energia.
O coração do Mantovani
        chegou a essa velocidade às 7 horas   
     do dia 08/05/2003
convertendo matéria em energia,
                                      em luz branca.
              Embora não esteja entre nós está em toda nossa volta.
                                                                  
                                  
Imensa saudade
sueliaduan 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Alcova

Amedeo Modiglinai

Tenho meu silêncio

Para voltar a falar

Brinco com palavras sobre a cama

Relâmpago também na alcova 


terça-feira, 12 de abril de 2011

Bater de Asas

Candido Portinari
"Menino com pássaro"


Na rua o garoto viu:
o pássaro,
a árvore,
o pássaro na árvore
a vida na folha.


No beco do bairro,
na sua rua,
O garoto viu:
a navalha,
o corpo,
a navalha dentro do corpo

a morte na vida.
pássaro,
árvore,
corpo,
navalha.

na sua frente,
na sua mente.
bater de asas
morte 
 vida


segunda-feira, 28 de março de 2011

DOCES MOTES


A poesia
Flor sobre o piano
Nota sobre o vaso
Estranhos motes
Doces ocasiões
Feito pássaro em seu vôo matinal
Assim é a palavra em mim
Liberdade
solidão

segunda-feira, 21 de março de 2011

Um pouco de prosa pra falar de poesia


O escritor espanhol Enrique Vila-Matas "entrou" para a literatura de uma forma muito especial. Logo nos primeiros anos de colégio, apaixonou-se por uma daquelas adolescentes lindas e inalcançáveis que só quem já foi adolescente apaixonado sabe como é difícil (e necessário) alcançar.
Traçou um plano.


Copiou numa folha de caderno um poema do grande lírico espanhol Luis Cernuda, tendo, contudo, o cuidado de inserir, no meio do poema, um verso de sua própria autoria. Ofereceu-o à moça.No dia seguinte, quando recebeu os calorosos cumprimentos da, já não tão inacessível, jovem, pode compensar a sensação de fraude com a deliciosa sensação de que, em verdade, uma pequena parte daqueles elogios era de fato merecida, já que era autor de um dos versos do poema.Na semana seguinte: a mesma estratégia e outro poema de Luis Cernuda foi copiado no caderno, agora "infiltrado" por dois versos do próprio Vila-Matas. Novos cumprimentos, e uma sensação cada vez maior de merecimento. A coisa seguiu assim até que a moça, totalmente conquistada, já recebia poemas inteiros de Vila-Matas, sem a presença, agora incômoda, de Luis Cernuda.


A moça passou, mas Vila-Matas nunca mais abandonou a literatura. Embora, após a adolescência, tenha trocado a poesia pela prosa. Inclusive porque sempre há outras musas a conquistar, a quem dedicar poemas... Algumas de nomes muito conhecidos: "Glória", "Revolução", "Verdade"... É uma pena que nem a jovem e nem Vila-Matas tenham guardado os "originais" desses poemas. Assim teríamos uma idéia mais clara de como o autor de Bartleby e companhia foi afirmando sua própria voz no meio do cânone, representado ali pela grandeza de Luis Cernuda.


Afirmar sua própria voz em meio a uma tradição de tão poderosos solistas, os Baudelaire, os Drummond, os Shakespeare, as Ana Cristina Cesar, os César Vallejo, os Paulo Leminski, as Emily Dickinson etc, não é brincadeira...Não é brincadeira, mas Borges conseguiu, Thomas Bernard conseguiu, Czeslaw Milosz conseguiu, Paulo Henriques Britto conseguiu, Lu Menezes conseguiu... e não importam aqui hierarquizações do tipo "quem é mais importante que quem"... Deixemos essa ociosa tarefa para os que acham alguma graça em hierarquizar coisas que podem muito bem ser vistas de uma perspectiva não-hierárquica...Num de seus textos mais interessantes, T. S. Eliot dizia que toda vez que encontrava um sujeito que gostava de absolutamente "todos" os autores bons, e desprezava absolutamente "todos" os autores "não-bons", sentia que estava diante de alguém que era mais um "bom aluno" do que um verdadeiro amante da poesia... Alguém que aprendeu tudo direitinho...

Para ele, o sujeito realmente apaixonado por poesia deveria desgostar de pelo menos um poeta maior, daqueles que todo mundo gosta... e deveria, por algum motivo misterioso, trazer bem dentro do coração algum poeta menor, daqueles que ninguém gosta...



Carlito Azevedo é poeta, autor de Collapsus linguae, As banhistas, Sob a noite física e Sublunar, e ministra há dois anos oficinas literárias na Uerj.
pesquisa - sueliaduan
título no blog -sueliaduan

terça-feira, 1 de março de 2011

Perdida dos teus braços

Fato

e foco
ato consumado.
 me reviro
 me revolto
depois do ato
depois do fato
sem foco
cambaleante
na rua a esmo
perdida dos teus braços.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Na vivência da palavra

Renoir -Lectricies

Uma palavra escrita.

Depois outra e outra.

Infinito movimento.

De imagens, lembranças, leituras.

E nesses gestos delicados.

Um transbordar de sensações.

Sou um ser que busca.

Uma paisagem, um livro, o encontro.
 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

São só pedras

Paul Gauguin

No papel quem me dera versos,
Chamo Pessoa ele não me escuta.
Quero versos.

Quero ser do tamanho da minha aldeia.
Quero falar dos sentimentos das pedras.
São só pedras.

Poetas ah. Poetas.
As palavras sufocam.
As idéias morrem.

E o papel ficará em branco.
Branco como a morte.
Lispector empresta-me borboletas.

Para voar nas palavras.
Criar poemas.
E me libertar.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Corpo lugar da alegria

 Houve um tempo em que a alegria era pura mania.
As palavras usadas eram efetivamente vividas na loucura do dia-a dia.
E do encontro como parte da vida.


Essa mania. Um Bom delírio.
Delírio do poeta,
Delírio do contemplador,
Delírio do pintor que descobre a cor.
Era só o que existia
Alegria,
Cor
Magia

Como uma bailarina que gira, gira, gira.
E dança na ausência do pensar.
Ausência do saber-se finita.
Dança , dança, dança
A dança da vida
Alegria.
Cor
Magia

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Loucura- katia mota


Hoje quero me desgrugar da sombra.
Que nada me siga;
Arrancar da alma a sina maldita,
de amar sem medida.
A loucura desdenha de mim.
Ah alma maldita!
Que pacto fez com o absurdo?
Cala-te!
Não me chame!
O que?
Não te ouço.
Tenho medo!
Eu tenho medo.
Me tira daqui que não sei voltar.
Do verde não sei o que é o azul.
Me botou cativa.
Estocolmo.
Vai devagarinho.
Que tenho que aprender a andar sozinha...
Não ria enquanto escoro pelas paredes.
Recolhe os cacos do chão.
Descansa seu peso na rede.
E espere que eu durma.
Não faz barulho.
Me embala em sussuros.
Vela meu sono.
Que dia eu acordo gente grande.


Poema postado pelo queridíssimo  Evandro Gastaldo no  "escritoslinguagemnocorpo", mas o "Escritos" , é uma Oficina de Literatura on-line com direcionamento específico. Carinhosamente excluí de lá, e  aí está :o)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Fim do dia

 
Na hora da prece
No fim do dia
Ave-Maria

O caminho
O passante
A dor.

O homem.
Um errante?
  Um  pecador?

Na hora da prece
No fim do dia
Ave-Maria

O semelhante,
meu irmão,
Apenas um sofredor.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pólis

 
 
 
Era uma só vontade
E poucas palavras
 Homens livres
Um sistema justo
Uma vida digna
Um querer
Cumplicidade
Cidade
Quereres


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E nada dito

Já era tarde
Corpo no corpo
Boca entreaberta
Insólito prazer
Que vale a palavra presa
Confusos gestos
E nada dito
O tempo
O desalinho
Respiração do mundo
Amor
Desamor